Prevenir é melhor do que remediar
O ditado que diz “prevenir é melhor do que remediar” carrega consigo alguns conceitos que devem estar presentes no dia a dia de todas as propriedades leiteiras. Sem dúvida, a produção leiteira deve seguir pautada na prevenção, em conceitos capazes de reduzir a introdução, disseminação e impacto de agentes causadores de doenças infecciosas nos sistemas produtivos.
A biosseguridade, que vinha ganhando importância nos últimos anos, se tornou fundamental agora e no pós-pandemia, e embora poderosa, está pautada em conceitos e ações simples, tendo como base a higiene – dos funcionários, dos animais, das instalações e dos visitantes. Esta base sólida, é essencial para garantir a eficácia de outras medidas, como vacinações, vermifugações, controle de parasitas externos e programa de qualidade microbiológica do leite (CCS e CBT).
Se medidas preventivas não são adotadas, além do risco relacionado à saúde dos animais, os prejuízos financeiros podem pesar muito no bolso do produtor. Nossos dados mostram que os produtores participantes da Plataforma Educampo destinaram, em média, 3,5% de sua renda bruta da atividade com medicamentos. Este indicador, muitas vezes é deixado de lado, devido ao seu menor impacto econômico, quando comparado a outros componentes do custo de produção, como concentrado, mão de obra e volumoso, por exemplo. Mas, em uma atividade, onde o sucesso ou insucesso econômico é definido por centavos, o melhor planejamento de gastos com medicamentos pode fazer uma grande diferença.
Cada fazenda leiteira apresenta desafios distintos, e que exigem medidas de prevenção específicas, com o intuito de alcançar melhores resultados econômicos.
Para demonstrar a importância do gasto com medicamentos, agrupamos as propriedades, em relação à taxa de retorno do capital com terra, como superiores e inferiores. Vejamos os resultados:
Tabela 1 – Indicadores técnicos e econômicos das propriedades da Plataforma Educampo Leite, agrupadas de acordo com taxa de retorno do capital com terra (%a.a).
Fonte: Educampo Sebrae Minas. Período: fevereiro/2019 a janeiro/2020. Dados econômicos corrigidos pelo IGP-DI* de março/2020. *IGP-DI: índice geral de preços ou disponibilidade interna. L: litros
Podemos observar, na tabela acima, que as propriedades superiores desembolsaram 2,73% da sua renda bruta para compra de medicamentos, contra 4,25% das inferiores. Esta diferença corresponde a um custo de R$ 0,02 a mais por litro entre os dois grupos. A média de produção por vaca em lactação também foi diferente, sendo que as propriedades superiores produziram 5,7 litros a mais por vaca/dia em relação às inferiores.
É provável que as propriedades que tiveram maior custo com medicamentos apresentaram maiores desafios sanitários, como podemos notar no indicador CCS média do período, que eleva este gasto.
Tratar a sanidade como um dos pilares fundamentais dentro da fazenda pode trazer maior retorno econômico na atividade leiteira. Para não ter que remediar, a prevenção implica na análise sanitária da propriedade, destacando os pontos de atenção. Como fazer isso? Tenha os indicadores da sua fazenda sempre à mão e esteja sempre atento aos detalhes.