O Quebra-Cabeças da Nutrição

 

 

 

 

 

 

Quanto é que a vaca come? A resposta a essa pergunta ultrapassa os percentuais relacionados à nutrição e se encaixam, como peças de um quebra-cabeça, aos custos de produção. Quando se trata do sucesso técnico e econômico da atividade leiteira, a nutrição do rebanho é peça-chave. Dados das propriedades mais eficientes da Plataforma Educampo indicam que os custos com alimentação não devem comprometer mais do que 45% da renda bruta da atividade leiteira, sendo que as despesas com alimentos concentrados, volumosos e minerais, não devem ultrapassar 30%,10% e 5%, respectivamente. 

Na Tabela 1, estão agrupadas as propriedades atendidas pela Plataforma Educampo de acordo com o percentual da renda bruta da atividade comprometido com alimentação. Observe como os indicadores se comportaram em função dos diferentes estratos. Fica claro que as propriedades que comprometeram mais do que 45% da renda bruta com esses insumos não apresentaram resultados econômicos satisfatórios. Os estratos 45-50% e 50-55% operaram com rentabilidade anual de 4,4% e 1,6%, respectivamente, mostrando que a atividade ainda foi viável economicamente, embora menos atrativa. O estrato que comprometeu mais de 55% da receita com alimentação apresentou margem líquida por vaca em lactação negativa, inviabilizando a atividade no médio prazo.

 

Tabela 1 – Comportamento dos indicadores técnicos e econômicos, conforme o percentual da renda bruta da atividade comprometida com as despesas de alimentos concentrados, volumosos e minerais.

Fonte: Educampo SEBRAE Minas. Informações de 409 propriedades, período de junho/2019 a maio/20, dados econômicos corrigidos pelo IGP-DI de junho/2020.

 

 

 

 

 

 

Ao avaliarmos a produtividade animal das propriedades que desembolsaram mais que 45% da renda bruta para pagar os insumos relacionados a alimentação, fica evidente a importância da gestão eficiente da nutrição, pois não houve retorno em produtividade em função do maior gasto com esses insumos. Por outro lado, produtores que gastaram menos que 35% da renda bruta com alimentação não apresentaram o melhor retorno econômico, demonstrando que nem sempre o custo mínimo garante lucro máximo. É preciso buscar o equilíbrio entre as receitas e as despesas!

 

O que fazer para alcançar esse equilíbrio na nutrição dos rebanhos leiteiros? Seguem algumas ações cruciais:

  • Realização de compras estratégicas, visando aproveitar o melhor momento de preços dos insumos;
  • Avaliação da viabilidade técnica e econômica do uso de subprodutos;
  • Atenção à qualidade nutricional dos alimentos volumosos, devido à interferência direta nos gastos com alimentos concentrados;
  • Realização do correto arraçoamento e do fornecimento de alimentos em quantidade e qualidade suficientes de acordo com a exigência de cada lote e fase da vida do animal, evitando sobras ou deficiências de alimentos ou nutrientes;
  • Atenção ao período de transição (pré-parto e pós-parto), pois são os momentos nos quais o animal está mais susceptível a desordens metabólicas.

 

Com planejamento, os custos com alimentação vão se encaixando, peça por peça, e passam a ser estratégicos para as fazendas leiteiras. O fatores econômicos e nutricionais podem e devem caminhar juntos, pois estão inseridos no mesmo objetivo: o de produzir leite com a máxima eficiência!

 

 

 

 

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