Em busca do equilíbrio
Em qualquer setor de produção, os consumidores estão mais instruídos e exigentes em relação ao manejo de dejetos oriundos dos processos produtivos. Como resultado, equilibrar resultados financeiros e meio ambiente vem sendo uma preocupação, também, na pecuária leiteira. Nessa busca, os produtores de leite estão implantando tecnologias em suas propriedades, visando o correto tratamento para os dejetos por meio de sistemas de produção mais eficientes. Em sua grande maioria são utilizadas chorumeiras, separadores de sólidos, tanques de decantação, dentre outros.
Um ponto positivo e que deve ser levado em consideração no momento do planejamento financeiro para o investimento nestas estruturas é o benefício da utilização dos dejetos nas áreas de produção de volumosos da propriedade.
Podemos observar, na Tabela 1, que os níveis de nitrogênio (N2), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) dos dejetos bovinos são satisfatórios para um adequado manejo do solo, sendo, portanto, recomendada a sua utilização na maioria dos casos. Com a aplicação nas áreas de produção de volumosos, além do fornecimento destes nutrientes essenciais para o desenvolvimento de qualquer cultura, é possível melhorar a microbiota e a matéria orgânica do solo.
Tabela 1 – Composição dos dejetos bovinos
Fonte: Educampo Sebrae Minas, dados adaptados da Embrapa Milho e Sorgo.
Atualmente, o elevado preço do dólar está afetando significativamente os custos dos insumos, como por exemplo, os fertilizantes utilizados para plantio e manutenção das forrageiras produzidas na propriedade (Tabela 2).
Tabela 2 – Preços médios dos fertilizantes base dos formulados
Fonte: Educampo Sebrae Minas, adaptado da CONAB (Set/2020).
Com as estruturas de tratamento de dejetos na propriedade, além de adotar boas práticas agropecuárias, é possível gerar uma economia considerável no uso dos fertilizantes, tendendo a reduzir significativamente os custos das forrageiras produzidas, como veremos a seguir.
Uma vaca em sistema de semiconfinamento produz, em média, 40 kg de dejetos diariamente, considerando a água necessária para a limpeza das estruturas e equipamentos, a urina e as fezes dos animais. Realizando uma simulação, para um rebanho de 100 vacas em lactação será produzido um montante de 1.460 toneladas de dejetos por ano (100 vacas x 0,04 toneladas x 365 dias), o que representa uma quantidade de:
- Potássio: 1.460 x 3,0 = 4.380 kg;
- Fósforo: 1.460 x 1,5 = 2.190 kg;
- Nitrogênio: 1.460 x 2,5 = 3.650 kg;
Quando convertemos a quantidade de nutrientes, a partir do teor de cada fertilizante utilizado, encontramos a seguinte relação (Tabela 3):
Tabela 3: Conversão da composição média do chorume bovino para os fertilizantes base
Fonte: Educampo Sebrae Minas
De acordo com os dados da Tabela 3, para equiparar a quantidade, por exemplo, de potássio disponível no chorume do rebanho de 100 vacas do exemplo em questão, seriam necessárias cerca de 7,3 toneladas do fertilizante Cloreto de Potássio. Considerando o preço médio atual da tonelada desse insumo em R$1.950,00, o produtor teria uma economia aproximada de R$14.235,00 ao utilizar os dejetos para fertilização do solo.
Esse cálculo da economia potencial gerada vale para os demais itens, sendo que ao somar a economia total na aquisição das fontes de potássio, fósforo e nitrogênio, a economia potencial gerada pela utilização dos dejetos pode chegar a R$ 44.057,00 por ano, de acordo com a composição e a geração dos dejetos de sua propriedade e os preços dos insumos em sua região.
A partir do bom manejo de dejetos nas propriedades leiteiras muita economia pode ser gerada de forma sustentável. Adotar boas práticas agropecuárias relacionadas ao tratamento de dejetos é equilibrar o cuidado com o meio ambiente e as finanças.