É viável?
Os custos com energia elétrica têm se elevado a cada ano. Atualmente, ocupam o 5º lugar dentre os componentes de maior impacto no custo de produção, perdendo apenas para gasto com concentrado, volumoso, mão de obra contratada e medicamentos.
Para quantificar este aumento, analisamos o comportamento do custo com energia elétrica na produção do leite (R$/litro) das propriedades participantes da Plataforma Educampo e também do preço médio do quilowatt no estado de Minas Gerais (R$/kW), no período de 2013 a 2019.
Gráfico 1 – Custo com energia elétrica (R$/litro) das propriedades participantes da Plataforma Educampo e série histórica do preço do quilowatt (R$/kW) no estado de Minas Gerais.
Fonte: Educampo Sebrae Minas. Custo com energia elétrica por litro de leite de 184 fazendas participantes do Educampo. Dados econômicos corrigidos pelo IGP-DI de julho/2020. Série histórica de preços do quilowatt em Minas Gerais – ANEEL
Podemos notar que, ao longo dos últimos 7 anos, o preço do quilowatt aumentou 80%, impactando diretamente os custos com energia elétrica para produzir um litro de leite. O aumento de 66% do custo com energia elétrica por litro não se dá apenas pelo aumento do preço do quilowatt, mas também, pela maior quantidade de quilowatts gastos no mês, devido à maior tecnificação das propriedades. Entretanto, o aumento da produção de leite nas propriedades avaliadas é a justificativa para que o aumento do custo com energia elétrica por litro não seja superior ou igual à elevação do preço do quilowatt no estado.
Uma estratégia para reduzir os custos com energia elétrica é a implantação da energia fotovoltaica. Esta fonte de energia converte, por meio de placas, a radiação solar em energia elétrica e possibilita uma redução considerável na conta de luz. Alguns produtores, após sua instalação, pagam apenas a taxa mínima, de acordo com a concessionária.
Para demonstrar o impacto e a viabilidade da implantação do sistema fotovoltaico na atividade leiteira, analisamos o comportamento dos custos de 10 propriedades participantes da Plataforma Educampo que fazem uso desse sistema há pelo menos 1 ano no período anterior e posterior à adoção da tecnologia.
Tabela 1 – Indicadores técnicos e econômicos das propriedades do Educampo que implantaram a energia fotovoltaica há pelo menos 1 ano:
Fonte: Educampo Sebrae Minas. 10 propriedades leiteiras. Dados econômicos corrigidos pelo IGP-DI de julho/2020.
Note que o custo com energia elétrica médio das propriedades, antes de implantar a energia fotovoltaica, foi de R$ 0,05 por litro de leite e que, após a implantação, passou para R$ 0,01. A redução de 80% no custo unitário foi justificada, exclusivamente, pela adoção da tecnologia, uma vez que não houve aumento no volume de leite produzido nessas propriedades nos dois períodos avaliados. Os números demonstram também que os produtores desembolsavam, em média, R$2.105,00 por mês para quitar a conta de luz antes da aquisição da energia fotovoltaica. Após a implantação, este valor reduziu para R$499,00. Algumas propriedades avaliadas necessitaram de parte da energia da concessionária posteriormente à utilização da energia fotovoltaica, o que impossibilitou uma redução ainda mais significativa na conta de luz. Para realizar o investimento neste sistema, alguns produtores recorreram a empréstimos bancários, entretanto, o valor economizado na conta de luz mensal foi suficiente para quitar as parcelas do empréstimo.
Sabemos que as dez propriedades analisadas fizeram um investimento médio de R$142.134,87 para instalação do sistema e que a economia mensal da conta de luz foi, em média, de R$1.606,00. Dessa forma, o payback médio para estes produtores (tempo de retorno do investimento) foi de 88,5 meses (7,4 anos). Veja os cálculos:
É viável a implantação do sistema de energia fotovoltaica? A resposta está na análise do impacto da energia no custo de produção da sua propriedade!