CASE DE SUCESSO | Produtor eficiente, mais leite no tanque

Neste ano, o Educampo Sebrae passou por uma grande transformação. Ao longo desses 20 anos apoiando e desenvolvendo produtores de leite e de café, construímos uma plataforma de informação gerencial que é o nosso maior diferencial. O Educampo gera informações exclusivas e estratégicas, projeções, cenários e análises integradas que apoiam o planejamento e as decisões dos produtores e da cadeia produtiva, proporcionando eficiência e evolução.

Diariamente, consultores especialistas do Educampo Sebrae percorrem centenas de quilômetros e contribuem para o desenvolvimento de mais de 1200 negócios rurais de Minas Gerais. Muitos deles são considerados cases de sucesso, por demonstrar não só o crescimento expressivo da produtividade como também da rentabilidade.

Por isso, a partir de agora, vamos apresentar mensalmente propriedades rurais atendidas por nossa equipe de especialistas que se destacam e são exemplos para outros produtores.

Na estreia da seção Case de Sucesso, apresentamos a Fazenda Borges, propriedade leiteira do produtor Paulo Caixeta, localizada em Guimarânia/MG. Entre seus principais diferenciais está a utilização eficiente da terra, já que a área da propriedade é pequena. Isso porque o produtor foi na contramão do comportamento comum de outros produtores e ao invés de adquirir mais áreas, ele arrendou terrenos próximos e investiu o dinheiro no rebanho, focando no aumento da produtividade.  Atingindo, assim, resultados satisfatórios.

Acompanhe os detalhes desta propriedade que se destaca na produção de leite e confira porque é fundamental alcançar o equilíbrio econômico para a sustentabilidade do negócio.

 

 

Desde a infância o leite está presente na vida de Paulo Caixeta, produtor rural de Guimarânia/MG. Foi com seu pai que ele aprendeu uma das principais lições da sua vida: empreender no campo, projeto que virou um sonho e que permaneceu no papel por alguns anos.

A vontade de ter seu próprio negócio fez com que Paulo, ainda com seus 15 anos, arrendasse um terreno para dar início à sua criação. No entanto, como ainda não havia se formado, foi necessário retomar os estudos e interromper temporariamente seu projeto.

Muitos anos se passaram e Paulo, com muito trabalho e dedicação, foi se aproximando aos poucos do seu principal objetivo. No início da década de 1990, após a morte do pai, ele assumiu gestão da propriedade, quando finalmente começou a gravar seu nome na tradição leiteira da família. A área da propriedade foi dividida entre os irmãos de Paulo e a gleba herdada foi transformada na Fazenda Borges, onde ele hoje produz leite com eficiência, se destacando entre diversos produtores da região.

A Fazenda Borges tem características de uma pequena propriedade, mas seus índices produtivos contrariam essa afirmativa. Há 10 anos a propriedade é atendida pelo Educampo Sebrae, o que contribuiu para melhorar significativamente diversos indicadores. Em relação à produção total de leite média diária, por exemplo, houve um salto de 275 para 4.162 litros, um crescimento superior a 1500%. Outro ponto de destaque é a produtividade do rebanho. As vacas em lactação mantêm performance satisfatória, alcançando média de 24,03 L/vaca/dia ante os 16,22 L/vaca/dia registrados no início do projeto.

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Conheça neste vídeo mais detalhes sobre a Fazenda Borges:

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Segundo o produtor, a evolução considerável da produtividade por indivíduo e o equilíbrio entre produtividade e custos de produção está pautada em quatro principais fatores. “A consultoria do Educampo Sebrae que nos fez achar o caminho para crescer, a genética do nosso rebanho, a dedicação da família e a vontade de se desenvolver na atividade”, conta. 

Dos 33 hectares de terra própria da Fazenda Borges, 20 ha são destinados à produção de volumoso. Como a área é insuficiente para a produção da forrageira necessária para alimentar todo o rebanho, composto por 390 cabeças, e principalmente as 192 vacas em lactação, Paulo se viu diante de um importante desafio comum a muitos produtores: “devo comprar mais terra para crescer e conseguir suprir a quantidade demandada de volumosos?”. Foi então que ele arrendou 47 ha de terras da região, alcançando 80 ha de área total para a atividade leiteira.

“É preciso ser o mais eficiente possível dentro da propriedade para depois começar a pensar em arrendar terra”, destaca o consultor do Educampo Sebrae Rafael Rodrigues, que atende a Fazenda Borges. De acordo com Rafael, a estratégia do arrendamento de terra funcionou porque o custo do hectare para compra na região é muito alto, variando aproximadamente entre R$ 40 mil e R$ 50 mil/ha. “Se formos levantar um capital para aumentar a terra da propriedade a um tamanho suficiente para produzir o volumoso, seria um investimento praticamente inviável”. Com isso, o foco da gestão foi manter animais de qualidade para aumentar a conversão da dieta em litros de leite.

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Crédito: Orleno Filmes

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Indicadores apontam o caminho a seguir

Todo produtor precisa conhecer de perto a realidade de sua propriedade para manter a sustentabilidade econômica do seu negócio. No caso da pecuária leiteira, as vacas são o principal ativo. Por isso é fundamental avaliar a receita gerada por cada animal. É fundamental analisar quanto cada vaca em lactação está gerando de margem líquida por ano (já subtraindo as despesas operacionais, depreciações e custo da mão de obra familiar). Na Fazenda Borges esse valor cresceu mais de 4000% desde 2009.

Outro indicador relevante para dimensionar o equilíbrio entre os custos e rentabilidade é a estrutura de rebanho. Ele é representado pelo percentual de vacas em lactação dividido pelo total de vacas e também pela quantidade de vacas em lactação dividido pelo total do rebanho. A evolução desse indicador mostra que o produtor está realizando um bom trabalho nutricional, reprodutivo e de melhoramento genético. Na Fazenda Borges, a estrutura de rebanho apontava que a renda da propriedade estava sendo prejudicada. Cenário que mudou com o trabalho conjunto entre produtor e consultor. “Hoje, o total de vacas em lactação em relação ao total de vacas é 90%, ou seja, temos poucas vacas improdutivas no rebanho. Com isso, conseguimos aumentar a renda e diminuir o custo de alguns animais improdutivos”, destaca Rafael.

A margem líquida por área (R$/ha) também é essencial para mensurar a saúde financeira da atividade. Esse índice aponta o que cada hectare está rendendo por ano para o produtor, deduzindo todas as despesas operacionais, depreciações e custo da mão de obra familiar. Em 2009 esse indicador era negativo na propriedade do sr. Paulo Caixeta, sinalizando que a produção não era suficiente para manter os custos operacionais da propriedade. Hoje, essa realidade mudou: cada hectare rende por ano R$ 8.707,18.

Para saber qual é o montante necessário para investir na atividade leiteira, o Educampo Sebrae mensura o estoque de capital médio por litro de leite (diário). Esse valor é encontrado ao dividir o capital total (como máquina, rebanho, terra…) utilizado na atividade pela produção diária de leite. Hoje, a média dos produtores participantes do Educampo Leite é R$ 1200,00. Na Fazenda Borges esse número é muito inferior à média. A redução desde o início da consultoria foi de 77,9% nesse indicador, o que aumentou a eficiência na utilização do capital empregado na atividade leiteira.

Ao seguir com afinco as orientações do consultor, Paulo alcançou outro importante resultado: o custo total de produção do litro de leite caiu em quase 19%, aumentando sua rentabilidade e gerando maior capacidade de investimento da fazenda.

Com todos esses ajustes, foi possível investir na construção de um galpão de compost barn com capacidade para alojar as vacas em lactação, medida extremamente planejada e embasada nos resultados da fazenda. Além de demonstrar o aumento na capacidade de investimento da propriedade, a iniciativa proporcionou o maior aproveitamento da terra. A avaliação da implantação do novo sistema de produção foi feita durante um encontro de técnicos do Educampo, o qual o sr. Paulo teve a oportunidade de participar. “Estudamos todas as possibilidades possíveis e chegamos à conclusão que o compost seria uma das melhores opções”, explica Rafael. Nesse estudo de caso também foram feitas missões em outras propriedades do Educampo que já tinham implantado este sistema, para analisar os benefícios e os problemas que essas fazendas enfrentaram.

Faz apenas 7 meses que o novo sistema entrou em funcionamento. Portanto, a expectativa para os próximos meses é ainda melhor.

Planos para o futuro

O dia a dia na pecuária leiteira exige dedicação e muito foco, principalmente porque é uma atividade que tende a ter margem de lucro estreita se os custos produtivos não forem controlados. Por isso, para Paulo, é essencial ter um suporte técnico e gerencial. “Isso nos dá segurança para fazer os investimentos”, diz.

E é essa segurança que o faz manter os planos para o futuro. “Para os próximos anos quero arrendar mais terra e aumentar o barracão do compost. E quem sabe, chegar a 10 mil litros de leite. No início, tínhamos planejado chegar a 1200 litros por dia e parar, mas veja só onde chegamos. Vamos nos superando a cada ano”.

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