CASE DE SUCESSO | O café das montanhas

 

Cada origem produtora de café de Minas Gerais tem suas particularidades. Na Região das Matas de Minas, por exemplo, há produção de café em áreas montanhosas, com grande variedade de nuances e sabores e que demanda um maior número de trabalhadores na lavoura, principalmente para a realização da colheita. Na região, embora o custo com a mão de obra seja maior que em outras regiões, na média, o custo operacional se mantém equilibrado. Esta eficiência na produção pode ser comprovada com exemplos observados em propriedades da região, como é o caso da Fazenda Bom Sucesso e Limeira (Manhumirim/MG), da família Cotrim D’Alessandro.

 

 

 

 

 

Considerada um case de sucesso por utilizar os conceitos de gestão em prol da sustentabilidade econômica, a propriedade consegue driblar os desafios e se destaca em três fatores essenciais na gestão de um negócio: planejamento, produtividade e preço de venda. “Todas as atividades da fazenda são planejadas. Há um calendário anual com a programação mensal das ações a serem executadas”, explica o Consultor Especialista Educampo Café Flávio Borela Pena. Esse controle tem por objetivo maximizar os ganhos e aumentar a eficiência da produção, reduzindo os efeitos das variações de preços dos insumos utilizados.

 

 

Com o controle maior dos custos, sobra mais recursos para serem investidos no aumento da produtividade. O produtor Sérgio D’Alessandro conseguiu reduzir os custos totais, mesmo incrementando os investimentos na fazenda nos últimos anos. “Ele investiu para ter uma produtividade máxima, agora está otimizando os processos, ajustando adubações de solo e foliar obtendo melhores resultados”, completa o consultor, que acompanha a propriedade.

 

Eficiência produtiva

 

 

O relevo montanhoso impossibilita o uso de máquinas abrindo a oportunidade de ganhar área produtiva na lavoura. O adensamento é maior, porque o sistema não utiliza linhas de espaçamento entre as plantas. Na Fazenda Bom Sucesso e Limeira foram plantados, em média, 7 mil pés por hectare, o que refletiu também na produtividade.

Outro fator que favoreceu  o aumento produtivo na propriedade são as renovações constantes da lavoura, por meio de podas de recepa  ou esqueletamento.

Somado a isso, está o fato de que mesmo com uma média de idade da lavoura acima de 20 anos há bons resultados produtivos, se comparado com plantios novos. Hoje, a produtividade média da propriedade é de 48 sacas por hectare, um crescimento de mais de 10 sacas por hectare desde o início da consultoria do Educampo Café.

Boas práticas e valor agregado ao produto

 

 

Outros ganhos foram observados além  do aumento do volume de produção. Foram implementadas boas práticas de colheita, com tecnologias específicas para regiões de clima úmido, como o de montanhas, e implantação de ações para agregar valor à produção. “Com o Educampo a gente também potencializou o percentual de cafés com cada vez mais qualidade e criou estratégias de comercialização para ter um melhor preço médio de venda”, destaca Sérgio.

O produtor conta que firmou parcerias de longo prazo com exportadoras para fazer a venda futura de parte da sua produção. “Criamos laços de confiança com a indústria. É uma relação ganha-ganha”. Há oito anos ele “trava” entre 50% e 60% da produção. “Isso acontece porque, por meio do Educampo, nós começamos a dominar o custo de produção e o manejo de boas práticas da colheita”, afirma Sérgio.

Para ele, qualquer produtor pode usar essa estratégia, desde que esteja preparado. Ele ressalta que muitos produtores não têm consultoria gerencial e não conhecem seu verdadeiro custo de produção. “Comecei travando pouco. Hoje tenho a segurança de travar um percentual maior, a longo prazo, porque eu tenho a gestão dos processos da minha propriedade em minhas mãos”.

Mesmo assim, Sérgio destaca que é fundamental estar atento aos riscos de uma transação como essa. A estratégia precisa estar muito bem traçada para evitar prejuízos, já que o mercado é muito volátil.

 

Empreendedorismo no sangue

 

Além do compromisso com a eficiência gerencial, contribuiu para o sucesso da Fazenda Bom Sucesso e Limeira o empreendedorismo que Sérgio D’Alessandro  herdou do seu pai Mário D’Alessandro. O patriarca foi um dos italianos que acompanhou a migração de muitos europeus para o Brasil ocorrida no pós-guerra. Era um empreendedor nato. Foi responsável pela instalação do primeiro repetidor de televisão e da primeira rua com energia elétrica na cidade de Manhumirim. Como muitos italianos da época, tornou-se comerciante. Vendia tachos de cobre e eletrodomésticos. Casou e começou a constituir a família Cotrim D’Alessandro. Foi então que sua esposa herdou as terras que, na época, estavam subutilizadas. Em 1970, Mário e sua esposa, começaram a plantar os primeiros pés de café.

Sérgio, na época com 20 anos, teve que tomar frente do negócio familiar, conciliando com os estudos do curso de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa.

Os anos se passaram e Sérgio tem, nesses 30 anos, muitas conquistas registradas. O empreendimento cresceu consideravelmente, resultados produtivos satisfatórios foram alcançados e novos mercados foram conquistados. Sinal de que gestão eficiente e força de vontade são os principais ingredientes de qualquer receita de sucesso.

 

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