CASE DE SUCESSO | A receita do sucesso: produtividade, qualidade e custos equilibrados
O nosso Case de Sucesso deste mês vem da cidade de São Gonçalo do Sapucaí/MG, onde pai e filho fazem a gestão da Fazenda Nossa Senhora da Aparecida. Nivaldo é um dos empresários pioneiros que, em 2013, deram início ao Educampo Sebrae em parceria com a Coopervass, cooperativa da região. Para ele, participar do grupo foi decisivo, pois passou a ter referência correta de produção de café, de manejos e processos gerenciais. Mesmo que a atividade demande aprendizado constante, “Ainda, depois de 30 anos produzindo café, continuo aprendendo todos os dias”, destaca o produtor. Confira a seguir.
Produzir mais, com qualidade superior e custo equilibrado. Um sonho de qualquer produtor. Pois foi esse o resultado alcançado por Nivaldo Donizete Arantes, cafeicultor de São Gonçalo do Sapucaí/MG que, há oito anos, deu início à parceria com o Educampo Sebrae e começou a registrar sucessivas melhorias nos indicadores agronômicos e gerenciais.
Nesse tempo, Nivaldo implementou mudanças significativas em sua propriedade, a Fazenda Nossa Senhora da Aparecida, o que fez com que a produtividade melhorasse e em contrapartida os custos de produção caíssem. Consequentemente, seu lucro aumentou. Para sermos mais exatos, dobrou.
Os números provam isso. Ao comparar o biênio 2011/2013, quando do início da consultoria, com o biênio 2016/2018, o Custo Operacional Efetivo por saca (COE, que compreende todos os custos efetivamente desembolsados em um ano agrícola) reduziu 18,39% e o COE por hectare caiu 17,36%, valores expressivos quando se fala em redução de custos.
Essas conquistas se deram porque houve ações efetivas em relação aos processos de adubação, colheita, controle de pragas, doenças e plantas daninhas. “Fazíamos adubação sem necessidade. Não estávamos usando o adubo ideal e nem a quantidade certa”, conta Nivaldo. O manejo incorreto implicava em custos exagerados, o que foi identificado e corrigido pelo consultor especialista do Educampo Sebrae Lázaro Dornelas.
De modo geral, para o controle de plantas daninhas a roçadeira mecanizada passou a ser mais utilizada que a roçadeira manual, padronizando o número de roçadas e o tempo correto da operação, assim como a utilização da quantidade ideal de herbicidas. Já para fazer o controle de pragas e doenças a estratégia foi utilizar a aplicação dos produtos no momento e local corretos, de forma preventiva. Outra medida foi fazer cotação dos insumos para comprar produtos mais em conta. Segundo Lázaro, a otimização dos custos de produção possibilitou, inclusive, reduzir o nível de dano econômico das pragas e doenças aceitável para obter ganhos em produtividade e qualidade. “Antes eram feitas de uma a duas, agora de quatro a cinco pulverizações”.
Controle essencial
Dizem que é o olho do dono que engorda o gado… mas, pelo visto, faz também o café crescer e a fazenda prosperar. O produtor Nivaldo acompanha de perto o andamento de todos os processos em sua propriedade. Ele fica de olho em todos os indicadores. Tudo o que é feito é registrado diariamente. Esse controle efetivo faz toda a diferença na hora de contabilizar os custos, pois contribui para acompanhar se os manejos estão sendo feitos corretamente, e o impacto financeiro deles na rentabilidade da fazenda.
Para chegar onde chegou foi preciso muita dedicação do produtor, cuja história está entrelaçada com a da Fazenda Nossa Senhora da Aparecida. Essas terras, onde hoje planta o sustento da família, pertenciam ao patrão de seu pai, que era funcionário-administrador da fazenda. Na época, a fazenda era usada para criação de gado. Foi em 1979 que Nivaldo e seu irmão começaram a comprar partes da propriedade e deram início à produção de café. Hoje, são 48 hectares de lavouras com mais de 150 mil pés de café, de diversas variedades: Catucaí Amarelo e Vermelho, Catucaí, Mundo Novo, Aranã e Bourbon. A média de produção por hectare está em 35 sacas.
Por ser nascido e criado nessas terras, desde novo o cafeicultor sabe que a região é privilegiada para a o plantio de café devido às condições edafoclimáticas favoráveis para a cultura. Segundo ele, a chuva pode atrasar, mas não falha, o que impacta positivamente na qualidade do café.
Por falar em qualidade, ela sempre foi superior, principalmente porque a propriedade está localizada a 1200 metros de altitude, no alto da Serra de São Gonçalo. Nessa altura, a maturação do café ocorre mais lentamente podendo concentrar maior quantidade de minerais nos grãos, imprimindo sabor, aroma e acidez característicos e diferenciados. “Sempre produzimos cafés especiais, mas a gente não sabia”, afirma o produtor, que hoje assegura a qualidade do seu café (que atinge os 85 pontos, mesmo o de varrição), com duas certificações: a Certifica Minas e a Fair Trade.
Obter essas certificações abriu portas para o mercado internacional. Hoje, a maior parte da sua produção é exportada, principalmente para a Austrália, onde a família do sr. Nilvaldo mantém parceiros compradores há pelo menos seis anos. “Todo ano eles compram. Em 2014, nosso café foi considerado o melhor café da Austrália”. Além de facilitar a abertura de comércio para outros países, as certificações possibilitaram melhoria na organização dos processos, maior garantia da qualidade do café produzido e maior segurança dos colaboradores já que os procedimentos são auditados.
História se perpetua
A tradição familiar, pelo que se vê, será mantida com o Willer, primogênito do produtor Nivaldo. Engenheiro, Willer mudou para a cidade de São Paulo, onde o mercado abriu mais oportunidades para sua área. Lá ele construiu sua vida com sua esposa até terem a notícia de estarem esperando um filho. Foi então que decidiram retornar para São Gonçalo do Sapucaí. “Além de ajudar meu pai, queríamos ter qualidade de vida, o que não teríamos em uma cidade grande”.
O retorno oxigenou os negócios da família, já que Willer está buscando agregar valor no produto, vendendo café torrado, por meio da marca criada por ele. Parte da produção é destinada para esse café. O quilo é comercializado a R$ 60.